Faço planos. Tudo tem de ser milimetricamente organizado. Se chove, que chatice! Vou buscar a gabardina e o chapéu. Coloco um lenço de seda ao pescoço e saio para a rua.
Salpicos daqui, salpicos dali, logo fico com as calças molhadas. As botas, de si, bem engraxadas, cumprem a função de manter os pés secos, talvez frios, sabe-se lá! Pequenas gotas escorrem pelo impermeabilizado da gabardina.
Zurzida a vento vem a chuva de maio. Estou molhada. Nada a fazer. Ficarei molhada e fria até que a roupa seque no meu corpo. Agora é o trabalho que está em primeiro lugar, também milimetricamente pensado. É necessário imprimir documentos de vital importância para o projeto. Avariou a impressora... pior que chuva fria, zurzida pelo vento inclemente.
Faço planos como quem não tem planos. Existo um dia de cada vez, pé ante pé pelos caminhos tortuosos da vida. Linear, só a vontade, por breves e fugazes momentos.
Sou peça insignificante nesta engrenagem universal, pequena partícula invisível... nada, para além de fingir que sou.
Maria Videira (Mara Cepeda)
terça-feira, 28 de maio de 2013
terça-feira, 21 de maio de 2013
A vida passa
a
vida passa
deixando marcas indeléveis
que se entranham na nossa alma,
umas de alegria e tranquilidade
outras de dor e desassossego
as noites mal dormidas,
inquietas, rabugentas,
as horas imensas de não sonhar
quando alguém nos magoa,
a dor renasce no simples olhar.
no momento de agora
o eco ecoa inesgotável
em labiríntos ancestrais
torna difícil o ato de, simplesmente,
respirar,
momentaneamente asmáticos
o que não passa e se entranha,
é aquilo que vivemos
e visceralmente sofremos
Maria Videira (Mara Cepeda)
deixando marcas indeléveis
que se entranham na nossa alma,
umas de alegria e tranquilidade
outras de dor e desassossego
assim
alimentamos
as
nossas saudadesas noites mal dormidas,
inquietas, rabugentas,
as horas imensas de não sonhar
quando alguém nos magoa,
a dor renasce no simples olhar.
no momento de agora
o eco ecoa inesgotável
em labiríntos ancestrais
a
inesgotabilidade da dor,
a
constância do sentimentotorna difícil o ato de, simplesmente,
respirar,
momentaneamente asmáticos
o
tempo passa,
inexoravelmente o que não passa e se entranha,
é aquilo que vivemos
e visceralmente sofremos
Maria Videira (Mara Cepeda)
Quase nada
quase
nada
m quase nada de qualquer coisa
anda no ar,
povoa a atmosfera
mais doces
mais atuantes
atenção
solidariedade
o quase nada
que se espalha
árido de palavras
repleto de nostalgia
Maria Videira (Mara Cepeda)
m quase nada de qualquer coisa
anda no ar,
povoa a atmosfera
as
palavras soam
mais
tilintantesmais doces
mais atuantes
anda
no ar
um tudo nada de carinhoatenção
solidariedade
o
senseno insiste
melancolizandoo quase nada
que se espalha
lentamente,
no meu coraçãoárido de palavras
repleto de nostalgia
Maria Videira (Mara Cepeda)
Que trabalho me dão, as palavras
A
palavra sorriso não sorri
nem mesmo quando
a minha boca a repete
incansavelmente
estranhas
risonhas,
caladas
teimosas,
incoerentes,
sofridas
insistem em ser difíceis
e trilham caminhos
só delas
Maria Videira (Mara Cepeda)
nem mesmo quando
a minha boca a repete
incansavelmente
As
palavras são
engraçadas,estranhas
risonhas,
caladas
Algumas
são
recalcitrantes,teimosas,
incoerentes,
sofridas
Gosto
de palavras
mesmo quandoinsistem em ser difíceis
e trilham caminhos
só delas
Que
trabalho me dão
as palavras!Maria Videira (Mara Cepeda)
Um leve perfume
Sem deixar
rasto
nem um leve perfumeIndelével
Assim passam
os dias
as horasVazias
As vidas
vazias
coabitando dias
Sonhos.
Que ténue
perfumesentimos então…
Maria Videira (Mara Cepeda)
Todos os caminhos
ando mais triste
mais só
mais eu
sem saber que rumo seguir
árduos
duros de percorrer
me indicam por onde ir
porque é preciso
porque existo
e insisto
Maria Videira (Mara Cepeda)
mais só
mais eu
sem saber que rumo seguir
todos os
caminhos
são difíceisárduos
duros de percorrer
mas são
rotas
que de alguma formame indicam por onde ir
vou
simplesmenteporque é preciso
porque existo
e insisto
Maria Videira (Mara Cepeda)
sexta-feira, 17 de maio de 2013
Cerejas
cerejas
vermelhas
teimosas
insistem em ser
cerejas
tomara que consigam
embora o vento
a chuva, também,
persistentes os dois
insistam na maldade
de as fazer sofrer
cerejas
vermelhas
teimosas
insistem em ser
cerejas
Maria Videira (Mara Cepeda)
vermelhas
teimosas
insistem em ser
cerejas
tomara que consigam
embora o vento
a chuva, também,
persistentes os dois
insistam na maldade
de as fazer sofrer
cerejas
vermelhas
teimosas
insistem em ser
cerejas
Maria Videira (Mara Cepeda)
Tristeza
a tristeza que sinto sem razão
tem razões que desconheço
ou cimento em mim
como horas que passam
na água do rio gorgolejante
tonitruante como um trovão
sem ser romântica
sou mulher
de lágrima pronta
no olhar triste
que em vão tento camuflar
na profundidade da minha alma
a música inocente do coro infantil
enterra-se-me na carne
física, humana, mulher
Maria Videira (Mara Cepeda)
tem razões que desconheço
ou cimento em mim
como horas que passam
na água do rio gorgolejante
tonitruante como um trovão
sem ser romântica
sou mulher
de lágrima pronta
no olhar triste
que em vão tento camuflar
na profundidade da minha alma
a música inocente do coro infantil
enterra-se-me na carne
física, humana, mulher
Maria Videira (Mara Cepeda)
quarta-feira, 15 de maio de 2013
Castanheiros, Brito de Baixo, Vinhais
Castanheiros! Haverá árvore mais bela?
Em cada uma das estações adquire uma beleza única, nobre, altaneira...
No verão, já vestida, prenha de frutos, oferece-nos a sua sombra bendita, o seu amparo...
Os ouriços velhos, no chão, espalhados a esmo, recordam-nos, em cada picadela seca, que a vida é feita de dolorosos espinhos, aqui e ali... de generosas sombras, de verde fresco, de doces frutos...
Aos figos, na minha aldeia
segunda-feira, 13 de maio de 2013
Feliz aniversário, Marcolino
O meu marido fez anos.
Aqui lhe deixo todo o meu carinho e amor, com a certeza de que, o que nos mantém juntos há quase 25 anos, é muito mais do que as pequenas coisas sobre as quais discordamos.
Estamos juntos para o bom e para o mal, desde o primeiro momento. Foi amor à primeira vista, envolto na certeza de ter encontrado a minha metade.
Parabéns Marcolino!
O bolo estava ótimo.
Tão bonito como saboroso.
Maria Videira
quinta-feira, 9 de maio de 2013
Trás-os-Montes: Outeiro, concelho de Bragança
Passarinhos ao sol, indiferentes à nossa presença, como se a vontade de se entregar à primavera suplantasse tudo o resto.
Em primeiro plano, giestas brancas, finalmente floridas, espraiam o seu olhar de natureza pela paisagem de Trás-os-Montes, do alto do castelo de Outeiro.
Estas duas fotos pertencem a Helen Balio e Eduardo Claudino
segunda-feira, 6 de maio de 2013
quarta-feira, 1 de maio de 2013
O rio Douro, em Miranda do Douro
Os meus pais e o meu marido, à espera que se fizessem horas para embarcar num passeio pelo rio Douro, em Miranda do Douro.
O ancoradouro e o barco.
A paisagem é maravilhosa e imponente.
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