terça-feira, 28 de maio de 2013

Faço planos

Faço planos. Tudo tem de ser milimetricamente organizado. Se chove, que chatice! Vou buscar a gabardina e o chapéu. Coloco um lenço de seda ao pescoço e saio para a rua.
Salpicos daqui, salpicos dali, logo fico com as calças molhadas. As botas, de si, bem engraxadas, cumprem a função de manter os pés secos, talvez frios, sabe-se lá! Pequenas gotas escorrem pelo impermeabilizado da gabardina.
Zurzida a vento vem a chuva de maio. Estou molhada. Nada a fazer. Ficarei molhada e fria até que a roupa seque no meu corpo. Agora é o trabalho que está em primeiro lugar, também milimetricamente pensado. É necessário imprimir documentos de vital importância para o projeto. Avariou a impressora... pior que chuva fria, zurzida pelo vento inclemente.
Faço planos como quem não tem planos. Existo um dia de cada vez, pé ante pé pelos caminhos tortuosos da vida. Linear, só a vontade, por breves e fugazes momentos.
Sou peça insignificante nesta engrenagem universal, pequena partícula invisível... nada, para além de fingir que sou.

Maria Videira (Mara Cepeda)

terça-feira, 21 de maio de 2013

A vida passa

a vida passa
deixando marcas indeléveis
que se entranham na nossa alma,
umas de alegria e tranquilidade
outras de dor e desassossego

assim alimentamos
as nossas saudades
as noites mal dormidas,
inquietas, rabugentas,
as horas imensas de não sonhar
quando alguém nos magoa,
a dor renasce no simples olhar.
no momento de agora
o eco ecoa inesgotável
em labiríntos ancestrais

a inesgotabilidade da dor,
a constância do sentimento
torna difícil o ato de, simplesmente,
respirar,
momentaneamente asmáticos

o tempo passa,
inexoravelmente
o que não passa e se entranha,
é aquilo que vivemos
e visceralmente sofremos

Maria Videira (Mara Cepeda)

Quase nada

quase nada
m quase nada de qualquer coisa
anda no ar,
povoa a atmosfera

as palavras soam
mais tilintantes
mais doces
mais atuantes

anda no ar
um tudo nada de carinho
atenção
solidariedade

o senseno insiste
melancolizando
o quase nada
que se espalha

lentamente,
no meu coração
árido de palavras
repleto de nostalgia

Maria Videira (Mara Cepeda)

Que trabalho me dão, as palavras

A palavra sorriso não sorri
nem mesmo quando
a minha boca a repete
incansavelmente

As palavras são
engraçadas,
estranhas
risonhas,
caladas

Algumas são
recalcitrantes,
teimosas,
incoerentes,
sofridas

Gosto de palavras
mesmo quando
insistem em ser difíceis
e trilham caminhos
só delas

Que trabalho me dão
as palavras!

Maria Videira (Mara Cepeda)

Um leve perfume

Sem deixar rasto
nem um leve perfume
Indelével

Assim passam os dias
as horas
Vazias

As vidas vazias
coabitando
dias

Sonhos.
Que ténue perfume
sentimos então…

Maria Videira (Mara Cepeda)

Todos os caminhos

ando mais triste
mais só
mais eu
sem  saber que rumo seguir

todos os caminhos
são difíceis
árduos
duros de percorrer

mas são rotas
que de alguma forma
me indicam por onde ir

vou
simplesmente
porque é preciso
porque existo
e insisto

Maria Videira (Mara Cepeda)

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Cerejas

cerejas
vermelhas
teimosas
insistem em ser
cerejas

tomara que consigam
embora o vento
a chuva, também,
persistentes os dois
insistam na maldade
de as fazer sofrer

cerejas
vermelhas
teimosas
insistem em ser
cerejas

Maria Videira (Mara Cepeda)

Tristeza

a tristeza que sinto sem razão
tem razões que desconheço
ou cimento em mim
como horas que passam
na água do rio gorgolejante
tonitruante como um trovão

sem ser romântica
sou mulher
de lágrima pronta
no olhar triste
que em vão tento camuflar
na profundidade da minha alma

a música inocente do coro infantil
enterra-se-me na carne
física, humana, mulher

Maria Videira (Mara Cepeda)

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Castanheiros, Brito de Baixo, Vinhais

Castanheiros! Haverá árvore mais bela?
Em cada uma das estações adquire uma beleza única, nobre, altaneira...

No verão, já vestida, prenha de frutos, oferece-nos a sua sombra bendita, o seu amparo...
Os ouriços velhos, no chão, espalhados a esmo, recordam-nos, em cada picadela seca, que a vida é feita de dolorosos espinhos, aqui e ali... de generosas sombras, de verde fresco, de doces frutos...

 

 

Aos figos, na minha aldeia





O ano passado, com melhor tempo do que este ano, os primeiros figos, brancos, doces, calóricos QB, mas maravilhosos.
Que saudades da sua doçura!

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Feliz aniversário, Marcolino


O meu marido fez anos.
Aqui lhe deixo todo o meu carinho e amor, com a certeza de que, o que nos mantém juntos há quase 25 anos, é muito mais do que as pequenas coisas sobre as quais discordamos.
Estamos juntos para o bom e para o mal, desde o primeiro momento. Foi amor à primeira vista, envolto na certeza de ter encontrado a minha metade.
Parabéns Marcolino! 
 
 
O bolo estava ótimo.
Tão bonito como saboroso.
 
Maria Videira
 

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Trás-os-Montes: Outeiro, concelho de Bragança

Passarinhos ao sol, indiferentes à nossa presença, como se a vontade de se entregar à primavera suplantasse tudo o resto. 

 
Em primeiro plano, giestas brancas, finalmente floridas, espraiam o seu olhar de natureza pela paisagem de Trás-os-Montes, do alto do castelo de Outeiro.
 
Estas duas fotos pertencem a Helen Balio e Eduardo Claudino

quarta-feira, 1 de maio de 2013

O rio Douro, em Miranda do Douro

 
Os meus pais e o meu marido, à espera que se fizessem horas para embarcar num passeio pelo rio Douro, em Miranda do Douro.
 

 
O ancoradouro e o barco.
 

 
A paisagem é maravilhosa e imponente.