Maria Videira (Mara Cepeda)
domingo, 30 de junho de 2013
A minha cerejeira
Amanhã continuaremos a colher esta dádiva de Deus, através desta linda cerejeira, ainda tão novinha e já tão fecunda.
Maria Videira (Mara Cepeda)
quinta-feira, 27 de junho de 2013
Carvoeiros
Há dias assim, estranhos como a ideia de pedir amor, saúde, dinheiro... à "estrela cadente" que apenas no campo se vê, em noites escuras como breu. Este foi um desses dias e, para completar a estranheza, não falarei sobre ele. Talvez noutra altura... quem sabe.
Recordo-me que, quando cheguei àquela idade em que se começa a recordar, via muitas a cortar o céu da minha aldeia, lindas, únicas, fadas sem varinhas de condão, prontas a realizarem os nossos sonhos, a resolverem as nossas angústias...
Quem tempos maravilhosos aqueles em que eu acreditava, piamente, que aquele rasto de luz era uma estrela a cair.
Ansiava por noites pejadas de estrelas, iluminada, apenas, pela trémula luz de uma única candeia pendurada no escano, num prego ali colocado para o efeito, há tanto tempo como tempo tinha a pequena casa onde vivíamos.
Não sei porque razão me lembrei eu desses tempos, tão remotos já. Lembrei-me e esta lembrança trouxe-me uma nostalgia boa, serena como uma noite estrelada e negra como o carvão que se fazia para vender, em buraco cavado no monte, aberto à força de braços e fome. Era um trabalho duro como a vida que Deus lhes dera. Arrancar os toros de urzes e estevas, nascidas com a bênção da mãe natureza, que tudo programou com delicadeza e aprumo para servir no momento certo, e incendiá-las dentro do buraco para que ardessem sem se consumir. Abafar, tapar e esperar que se apagassem...
Depois, carvoeiros negros, sacas negras, olhos negros, boca negra... apenas a brancura dos dentes a reluzir... e outro buraco e mais toros e mais sacas e o peso às costas cansadas... para quase nada que esse era trabalho escravo, desqualificado e rude.
Os primos da minha mãe faziam-no. Quando, pela noite dentro, regressavam a casa tão escuros como ela, corria para eles, abraçava-os, enfuliscava-me e ria com as suas tentativas frustradas de me afastarem para que não sujasse o meu lindo vestido de chita azul com pequeninas flores amarelas.
A sua venda permitia-lhes ganhar algum dinheiro para uma sobrevivência incerta. Não havia jeiras a ganhar. O inverno era longo e frio, cortante como espadas de samurais.
E o céu estrelado, em noites quentes de verão convidavam ao sonho, ao amor, à esperança.
Ah! Quando uma estrela caía! Corria para a varanda, saía para a rua, a pular de alegria e a imaginar que pedido faria àquela, tão linda!
Invariavelmente, pedia o meu pai. Não necessitava de mais nada. Ele estava tão longe. Nem o conhecia. A fotografia que a minha mãe trazia guardada dentro do corpete de algodão que ela mesma fazia, junto ao coração, fora a única imagem que alguma vez vira do meu pai. Tinha tantas saudades de o conhecer, se é possível sentir saudades de conhecer alguém.
Sei lá! Na minha jovem cabeça de cinco anos fervilhava tanta coisa que eu não conseguia entender!
Restavam-me as estrelas cadentes, apenas minhas, tão minhas como o ar que soprava no meu rosto quando fechava os olhos e erguia a cara para a manta estrelada que nos cobria a todos.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Recordo-me que, quando cheguei àquela idade em que se começa a recordar, via muitas a cortar o céu da minha aldeia, lindas, únicas, fadas sem varinhas de condão, prontas a realizarem os nossos sonhos, a resolverem as nossas angústias...
Quem tempos maravilhosos aqueles em que eu acreditava, piamente, que aquele rasto de luz era uma estrela a cair.
Ansiava por noites pejadas de estrelas, iluminada, apenas, pela trémula luz de uma única candeia pendurada no escano, num prego ali colocado para o efeito, há tanto tempo como tempo tinha a pequena casa onde vivíamos.
Não sei porque razão me lembrei eu desses tempos, tão remotos já. Lembrei-me e esta lembrança trouxe-me uma nostalgia boa, serena como uma noite estrelada e negra como o carvão que se fazia para vender, em buraco cavado no monte, aberto à força de braços e fome. Era um trabalho duro como a vida que Deus lhes dera. Arrancar os toros de urzes e estevas, nascidas com a bênção da mãe natureza, que tudo programou com delicadeza e aprumo para servir no momento certo, e incendiá-las dentro do buraco para que ardessem sem se consumir. Abafar, tapar e esperar que se apagassem...
Depois, carvoeiros negros, sacas negras, olhos negros, boca negra... apenas a brancura dos dentes a reluzir... e outro buraco e mais toros e mais sacas e o peso às costas cansadas... para quase nada que esse era trabalho escravo, desqualificado e rude.
Os primos da minha mãe faziam-no. Quando, pela noite dentro, regressavam a casa tão escuros como ela, corria para eles, abraçava-os, enfuliscava-me e ria com as suas tentativas frustradas de me afastarem para que não sujasse o meu lindo vestido de chita azul com pequeninas flores amarelas.
A sua venda permitia-lhes ganhar algum dinheiro para uma sobrevivência incerta. Não havia jeiras a ganhar. O inverno era longo e frio, cortante como espadas de samurais.
E o céu estrelado, em noites quentes de verão convidavam ao sonho, ao amor, à esperança.
Ah! Quando uma estrela caía! Corria para a varanda, saía para a rua, a pular de alegria e a imaginar que pedido faria àquela, tão linda!
Invariavelmente, pedia o meu pai. Não necessitava de mais nada. Ele estava tão longe. Nem o conhecia. A fotografia que a minha mãe trazia guardada dentro do corpete de algodão que ela mesma fazia, junto ao coração, fora a única imagem que alguma vez vira do meu pai. Tinha tantas saudades de o conhecer, se é possível sentir saudades de conhecer alguém.
Sei lá! Na minha jovem cabeça de cinco anos fervilhava tanta coisa que eu não conseguia entender!
Restavam-me as estrelas cadentes, apenas minhas, tão minhas como o ar que soprava no meu rosto quando fechava os olhos e erguia a cara para a manta estrelada que nos cobria a todos.
Maria Videira (Mara Cepeda)
quarta-feira, 26 de junho de 2013
Bolo bem casado
INGREDIENTES
Massa:
4 claras em neve
1/2 xícara de chá de açúcar União (120g)
1 xícara de chá de fecula de batata (140g)
1 colher de sobremesa fermento eo pó (6g)
Recheio:
1 lata de leite condensado (395g)
1 colher (sopa) de maizena (25g)
1/2 xícara de chá de leite integral (150ml)
1 colher (sopa) rasa de manteiga sem sal (13g)
Cobertura:
4 colheres (sopa) de agua fervente(60ml)
2 xícaras de cha de acuçar de confeiteiro glaçucar(230g)
Recheio:
1 lata de leite condensado(395g)
MODO DE PREPARO
Bata as claras em neve firme
Adicione o açúar e as gemas e bata até homogeneizar
Junte delicadamente a fecula e o fermento sem bater, para não perder o volume
Divida a massa em 2 porções e distribua-as sobre as costas de 2 formas redondas untadas e enfarinhadas
Asse ao forno pré-aquecido até dourarem ligeiramente e deixe esfriar
Recheio:
Cozinhe a lata de leite condensado na panela de pressão por 10 minutos, contados à partir da fervura
Deixe esfriar bem para abrir a lata e passe o doce para uma panela
Adicione a maizena diluída no leite e cozinhe até soltar do fundo da panela
Junte a manteiga e misture bem
Utilize morno ou frio
Cobertura:
Derrame a água sobre o glaçucar aos poucos mexendo até obter uma mistura homogênea
Empregue rapidamente
Montagem:
Acomode uma das duas partes do bolo sobre o prato, recheie e coloque a outra parte do bolo por cima cubra com o glacê deixando o escorer naturalmente pela lateral
Deixe secar e sirva em temperatura ambiente
Informaçães Adicionais
Dicas: A massa desse bolo é muito leve, se preferir substitua 1/2 xícara de chá de fécula por 1/2 xícara de chá de farinha de trigo para a massa ficar mais firme. Pode usar forminhas de pão de mel para fazer porções individuais. Se preferir polvilhe o bolo com açúcar granulado união premium.
Massa:
4 claras em neve
1/2 xícara de chá de açúcar União (120g)
1 xícara de chá de fecula de batata (140g)
1 colher de sobremesa fermento eo pó (6g)
Recheio:
1 lata de leite condensado (395g)
1 colher (sopa) de maizena (25g)
1/2 xícara de chá de leite integral (150ml)
1 colher (sopa) rasa de manteiga sem sal (13g)
Cobertura:
4 colheres (sopa) de agua fervente(60ml)
2 xícaras de cha de acuçar de confeiteiro glaçucar(230g)
Recheio:
1 lata de leite condensado(395g)
MODO DE PREPARO
Bata as claras em neve firme
Adicione o açúar e as gemas e bata até homogeneizar
Junte delicadamente a fecula e o fermento sem bater, para não perder o volume
Divida a massa em 2 porções e distribua-as sobre as costas de 2 formas redondas untadas e enfarinhadas
Asse ao forno pré-aquecido até dourarem ligeiramente e deixe esfriar
Recheio:
Deixe esfriar bem para abrir a lata e passe o doce para uma panela
Adicione a maizena diluída no leite e cozinhe até soltar do fundo da panela
Junte a manteiga e misture bem
Utilize morno ou frio
Cobertura:
Derrame a água sobre o glaçucar aos poucos mexendo até obter uma mistura homogênea
Empregue rapidamente
Montagem:
Informaçães Adicionais
Dicas: A massa desse bolo é muito leve, se preferir substitua 1/2 xícara de chá de fécula por 1/2 xícara de chá de farinha de trigo para a massa ficar mais firme. Pode usar forminhas de pão de mel para fazer porções individuais. Se preferir polvilhe o bolo com açúcar granulado união premium.
terça-feira, 25 de junho de 2013
e chove porque Deus não chora
Era verão, quente, como convém.
Tarde de calor inclemente e ela sentada,
acabrunhada, no meio do caminho, no meio do pó, corpo só.
Um estalido de ramos secos a partirem-se,
um assobio feliz, trauteando alegre canção.
Som de cascos cadenciados no chão,
pela tarde, quente, de verão.
Nada perturbou a pacatez do momento.
Ela, sentada, acabrunhada, corpo pó...
Ele, feliz, descansado, cavalgando,
alegre melodia assobiada ao vento.
Pequena espiral de pó ergue-se do meio do caminho,
revoluteando piruetas...
Mais vale assim, pequenas, inocentes e reviretas,
que não enormes assassinas destruidoras,
dessas que lá pelos "Esteites" levam tudo pelo ar...
até a vontade de brincar
e chove porque Deus não chora.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Tarde de calor inclemente e ela sentada,
acabrunhada, no meio do caminho, no meio do pó, corpo só.
Um estalido de ramos secos a partirem-se,
um assobio feliz, trauteando alegre canção.
Som de cascos cadenciados no chão,
pela tarde, quente, de verão.
Nada perturbou a pacatez do momento.
Ela, sentada, acabrunhada, corpo pó...
Ele, feliz, descansado, cavalgando,
alegre melodia assobiada ao vento.
Pequena espiral de pó ergue-se do meio do caminho,
revoluteando piruetas...
Mais vale assim, pequenas, inocentes e reviretas,
que não enormes assassinas destruidoras,
dessas que lá pelos "Esteites" levam tudo pelo ar...
até a vontade de brincar
e chove porque Deus não chora.
Maria Videira (Mara Cepeda)
sexta-feira, 14 de junho de 2013
...de esperança, ainda cheios
Tenho um peso nas pálpebras
como se as quisesse fechar pela noite,
já madrugada,
de um longo e extenuante dia.
De aparência serena,
indevidamente,
engano todos e a mim.
Vejo-me ao espelho e não desgosto.
Outras vezes,
qual artista que faz o esboço da sua obra prima,
examino todas as rugas, todos os defeitos, toda a flacidez.
Fecho os olhos, sacudo os ombros e desisto.
Não esqueço.
Fico triste por já não ser a menina que fui,
linda,
encantadora,
vivaz...
Instala-se, na minha alma,
um peso de sono nos olhos vivos e meigos que não conoto feios.
São esverdeados,
de esperança, ainda cheios.
Maria Videira (Mara Cepeda)
como se as quisesse fechar pela noite,
já madrugada,
de um longo e extenuante dia.
De aparência serena,
indevidamente,
engano todos e a mim.
Vejo-me ao espelho e não desgosto.
Outras vezes,
qual artista que faz o esboço da sua obra prima,
examino todas as rugas, todos os defeitos, toda a flacidez.
Fecho os olhos, sacudo os ombros e desisto.
Não esqueço.
Fico triste por já não ser a menina que fui,
linda,
encantadora,
vivaz...
Instala-se, na minha alma,
um peso de sono nos olhos vivos e meigos que não conoto feios.
São esverdeados,
de esperança, ainda cheios.
Maria Videira (Mara Cepeda)
sábado, 8 de junho de 2013
segunda-feira, 3 de junho de 2013
Brito de Baixo, neste sábado
Esta é a minha aldeia. Pequena, típica, rural...
linda, única (para mim), natural, básica...
Aqui respiro livremente, enchendo os pulmões da sua atmosfera
que geneticamente me possui.
Vários tons de verde salpicados do amarelo das giestas floridas...
A minha avó subia montes e descia ribanceiras até à margem do rio Tuela para colher os seus ramos, não qualquer um, apenas aqueles que têm a constituição ideal para fazer as cestas, seu ganha-pão.
Corre-me nas veias esta simplicidade, que não leveza...
Maria Videira
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