terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
Moinho no rio Fervença, Bragança
As águas que por aqui passaram,
consigo levaram muitas lágrimas,
muitos ais
Será que elas encontraram
o mar salgado dos nossos pais?
Muito suor, muito cansaço,
muitas noites sem dormir
para acalmar o choro
de quem devia sorrir.
Maria Videira (Mara Cepeda)
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
Caminhada
Tudo
deve ser
como sempre foi.
Linear.
Não importa que o dia
se transfigure em noite.
Lobisomens há muitos.
Vamos.
É dia e a caminhada
é longa e cansativa.
Pega na tua vontade
e veste-te.
Isto não é um deserto,
mas as almas
estão quase desertas.
Caminhemos de mãos dadas
em busca do que ainda não perdemos.
Tudo se transforma.
O tudo é nada.
E tudo começa assim.
Uma folha em branco
à espera.
Se não nos amássemos,
amar-nos-íamos à mesma
Sem lugar nem tempo.
Nasci para te amar
tu por mim nasceste
somos dois e um.
Sou luz quando falta o verbo.
Desejo-te na serenidade
que às vezes vivemos
e na tempestade
que sobre nós desaba,
furacão benigno e passageiro.
Deitemo-nos.
São horas de descansar
de mais uma caminhada.
Maria Videira (Mara Cepeda)
como sempre foi.
Linear.
Não importa que o dia
se transfigure em noite.
Lobisomens há muitos.
Vamos.
É dia e a caminhada
é longa e cansativa.
Pega na tua vontade
e veste-te.
Isto não é um deserto,
mas as almas
estão quase desertas.
Caminhemos de mãos dadas
em busca do que ainda não perdemos.
Tudo se transforma.
O tudo é nada.
E tudo começa assim.
Uma folha em branco
à espera.
Se não nos amássemos,
amar-nos-íamos à mesma
Sem lugar nem tempo.
Nasci para te amar
tu por mim nasceste
somos dois e um.
Sou luz quando falta o verbo.
Desejo-te na serenidade
que às vezes vivemos
e na tempestade
que sobre nós desaba,
furacão benigno e passageiro.
Deitemo-nos.
São horas de descansar
de mais uma caminhada.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Importo-me
Olá
como estás?
Tudo bem?
Seria esta a abordagem
para uma conversa maior.
Talvez fosse só uma simples
e pequena conversa.
Um passar o tempo
sem consequências.
Pelo contrário,
talvez se falasse
da insustentável
leveza do ser.
Ou da leveza
insustentável
que não é precisamente
a mesma coisa.
Estou cansada.
Talvez amanhã
eu possa flutuar
por muitos e bons assuntos.
Ser borboleta.
Mas hoje não.
Não é fácil,
quando a densidade do ser
é contabilizável.
Lá vem ele.
Dirige-se para a minha mesa.
Deve mudar de direcção
quase ao chegar.
Às vezes muda,
na maioria das vezes.
Mas quem se importa?
Hoje não.
Minto.
Importo-me.
Sempre.
Por mais abstracta que esteja.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Tudo bem?
Seria esta a abordagem
para uma conversa maior.
Talvez fosse só uma simples
e pequena conversa.
Um passar o tempo
sem consequências.
Pelo contrário,
talvez se falasse
da insustentável
leveza do ser.
Ou da leveza
insustentável
que não é precisamente
a mesma coisa.
Estou cansada.
Talvez amanhã
eu possa flutuar
por muitos e bons assuntos.
Ser borboleta.
Mas hoje não.
Não é fácil,
quando a densidade do ser
é contabilizável.
Lá vem ele.
Dirige-se para a minha mesa.
Deve mudar de direcção
quase ao chegar.
Às vezes muda,
na maioria das vezes.
Mas quem se importa?
Hoje não.
Minto.
Importo-me.
Sempre.
Por mais abstracta que esteja.
Maria Videira (Mara Cepeda)
domingo, 23 de fevereiro de 2014
Penélope
És
a minha fonte,
onde vou beber os melhores licores.
És néctar dos deuses.
Estou em Creta
e por ti anseio minha enseada.
És água azul e límpida.
Refrigério das minhas chagas purulentas.
Tudo se acaba nos teus braços
e os teus beijos são o meu bálsamo.
O teu corpo sacia a minha fome
e a toda a hora tenho fome de ti.
Sou o espírito que por ti vela.
Vela que alumia a escuridão
que por vezes se abate
no rochedo onde habitamos.
Nem sempre é dia e há sol.
Maria Videira (Mara Cepeda)
onde vou beber os melhores licores.
És néctar dos deuses.
Estou em Creta
e por ti anseio minha enseada.
És água azul e límpida.
Refrigério das minhas chagas purulentas.
Tudo se acaba nos teus braços
e os teus beijos são o meu bálsamo.
O teu corpo sacia a minha fome
e a toda a hora tenho fome de ti.
Sou o espírito que por ti vela.
Vela que alumia a escuridão
que por vezes se abate
no rochedo onde habitamos.
Nem sempre é dia e há sol.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Talvez, amanhã
Já
raia o dia,
caminhemos pela fresca.
Somos eu e tu somente.
Talvez, amanhã...
O dia fecha-se
é melhor não tentar abri-lo.
A natureza sabe o que fazer
quando a dor e a impotência
desesperam
e a gente pensa
que já não há mais nada.
Talvez, amanhã...
Maria Videira (Mara Cepeda)
caminhemos pela fresca.
Somos eu e tu somente.
Talvez, amanhã...
O dia fecha-se
é melhor não tentar abri-lo.
A natureza sabe o que fazer
quando a dor e a impotência
desesperam
e a gente pensa
que já não há mais nada.
Talvez, amanhã...
Maria Videira (Mara Cepeda)
Sou jardineira de jardins ansiados
Nasci.
Morrerei.
Um dia que ainda não sei.
Tudo são suposições,
miragens,
ilusões.
Sofrimento,
impotência,
desespero,
preocupações.
Amigos.
Emprestados.
Complementam, alguns, a minha ideia de ser.
Não é amor.
É raiva.
Vontade de estar comigo.
Sou jardineira de jardins ansiados.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Morrerei.
Um dia que ainda não sei.
Tudo são suposições,
miragens,
ilusões.
Sofrimento,
impotência,
desespero,
preocupações.
Roço a superficialidade e
passo só,
sem grande alarido.Amigos.
Emprestados.
Complementam, alguns, a minha ideia de ser.
Existo sem deixar marcas.
Ligeira impressão, apenas.Não é amor.
É raiva.
Vontade de estar comigo.
Sou jardineira de jardins ansiados.
Maria Videira (Mara Cepeda)
A hora tarda
A hora tarda.
Diz a cotovia
batendo a asa.
Rica melodia.
Rica melodia,
praia deserta.
Som de maresia,
aurora desperta.
Aurora desperta,
olhar de sol-posto.
Anseia desoras,
carícias no rosto.
Carícias no rosto,
princípio do fim.
Amores austeros,
tenho pena de mim.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Diz a cotovia
batendo a asa.
Rica melodia.
Rica melodia,
praia deserta.
Som de maresia,
aurora desperta.
Aurora desperta,
olhar de sol-posto.
Anseia desoras,
carícias no rosto.
Carícias no rosto,
princípio do fim.
Amores austeros,
tenho pena de mim.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Incerteza
Tudo é triste
Diferente
Na incerteza
De um dia que chove
Se o sol finge
Ser aquilo que não é
Sendo.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Diferente
Na incerteza
De um dia que chove
Se o sol finge
Ser aquilo que não é
Sendo.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Ser
Ser. Procuro
E descuro.
E não consigo fazer-me sorrir.
Que eu quero definitivamente
Dormir.
Maria Videira (Mara Cepeda)
E descuro.
Sigo os
autocarros
Que passamE não consigo fazer-me sorrir.
O dia acaba
e começa
E é nessa
lentidão que se apressaQue eu quero definitivamente
Dormir.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Olhar
Nos olhos que usas
Para me fitar
Nada há.
Para me fitar
Nada há.
Nem mesmo
indiferença.
Aguardo que
uma estrela aconteça.
Maria Videira (Mara Cepeda)
terça-feira, 18 de fevereiro de 2014
Refluir
Não existe simbolismo
Num dia sereno.
O tentar iludir-te
Iludir.
Consegue fazer-me fluir,
Refluir.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Num dia sereno.
Existe o não
ter
O não serO tentar iludir-te
Iludir.
Nem mesmo o
mesmo Mondego
Que não é o
mesmoConsegue fazer-me fluir,
Refluir.
Qual é a
causa
De eu
existir?Maria Videira (Mara Cepeda)
Meia-noite
Meia-noite.
Apenas isto
Mais nada.
A lua a sorrir.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Apenas isto
Mais nada.
É hora de ir.
Luz apagadaA lua a sorrir.
Meia-noite.
Mais nada.Maria Videira (Mara Cepeda)
Último momento
Estrela
cadente
Em queda aparente
Cruel ironia
Remota esperança
Enganando sonhos
Velando noites
Errando dias
Repetindo ironias
Último
Momento
Perigo eminente
Objecto de desejo
Engano fatal
Memória remota
Aurora boreal.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Em queda aparente
Cruel ironia
Remota esperança
Enganando sonhos
Velando noites
Errando dias
Repetindo ironias
Último
Momento
Perigo eminente
Objecto de desejo
Engano fatal
Memória remota
Aurora boreal.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Ausência
Ausência total, horas
absurdas
Em vidas ausentes de sonhos errantes
Busco inconsequências consequentes
No teu olhar de horas mortiças
Na busca incoerente
Que não posso passar
É agora o momento, é a hora
Na passagem do tempo,
Gruta irreal, tormento.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Em vidas ausentes de sonhos errantes
Busco inconsequências consequentes
No teu olhar de horas mortiças
É tarde e o
dia passa
Na hora que
grassa absurdaNa busca incoerente
Que não posso passar
É agora o momento, é a hora
Na passagem do tempo,
Gruta irreal, tormento.
Maria Videira (Mara Cepeda)
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
e lá vai ele...
...rubicundo e tormentoso
beirando margens
rasgando leitos
fomentando medos
gerando ais...
mas é tão lindo
temerosamente inconsciente
que tudo é findo
neste olhar irresistível da corrente
tudo leva levianamente
como se uma árvore
fosse casca de noz
barquinho de sonhos
que não torna pra nós
Maria Videira (Mara Cepeda)
Estas fotos não são minhas. Foram retiradas do Facebook.
Tanta água levas Tuela...
Tão pequeno e irrequieto
que nem parece teu
este ímpeto indiscreto
Maria Videira (Mara Cepeda)
P. S.: As fotos não são minhas. Foram retiradas do Facebook.
E assim vai o Tuela por terras de Vinhais
Terras dos meus avós
Terras de todos nós.
Maria Videira (Mara Cepeda)
P. S. Estas fotos não são minhas. Foram retiradas do Facebook.
terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
Há dias felizes
Há dias felizes
mesmo que chuvosos
frios e raivosos.
Mesmo que os rios galguem as margens
invadam os prados e as passagens.
São dias assim, como o de ontem,
ansiosos, lentos, vagarosos,
que, de repente, explodem em sonhos
e esperança
quando se ouve o primeiro choro
de uma criança.
Maria Videira (Mara Cepeda)
mesmo que chuvosos
frios e raivosos.
Mesmo que os rios galguem as margens
invadam os prados e as passagens.
São dias assim, como o de ontem,
ansiosos, lentos, vagarosos,
que, de repente, explodem em sonhos
e esperança
quando se ouve o primeiro choro
de uma criança.
Maria Videira (Mara Cepeda)
domingo, 9 de fevereiro de 2014
Se soubesse o que não sei
Se soubesse o que não
sei
Saberia muito, muitíssimo
Mais que muito saberia
A razão da minha vida
Mulher sou, serei talvez,
No agora que caminha,
Na menina que me fez
A existência de um ser.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Saberia muito, muitíssimo
Mais que muito saberia
No entanto,
porém, todavia,
Não sei, nem
saberei jamais,A razão da minha vida
Mulher sou, serei talvez,
No agora que caminha,
Na menina que me fez
Não sei se
posso poder
Trazer
dentro em meu peito,A existência de um ser.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Talvez
Talvez. Dubiedade
ou evidência
Sim ou não conforme a dor
Em esperança derradeira
No caudaloso leito dourado
Barrento, tormentoso, feroz,
Amálgama metálica entorpecida
Em matéria tenra minando
Areias turvas de cor intensa
Negras medusas,
Crinas densas.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Sim ou não conforme a dor
Em esperança derradeira
No caudaloso leito dourado
Barrento, tormentoso, feroz,
Amálgama metálica entorpecida
Em matéria tenra minando
Areias turvas de cor intensa
Negras medusas,
Crinas densas.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Margens
Pontes são
passagens.
Não se avistam as margens.
Onde abundam flores inférteis
De cores baças, cabelos de erva
Apanhados nas margens,
Limbos negros sem remédio.
E ponte aparece como por encanto
Em halos de luz,
Arco-íris de lágrimas,
Sol dourando o pranto.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Não se avistam as margens.
Corpos
imperfeitos
Cruzam
jardinsOnde abundam flores inférteis
De cores baças, cabelos de erva
Apanhados nas margens,
Limbos negros sem remédio.
Suspenso em
areias débeis
Pequeno
corpo de anjo terrestreE ponte aparece como por encanto
Em halos de luz,
Arco-íris de lágrimas,
Sol dourando o pranto.
Faz a
passagem
Sem cordas
na margem.Maria Videira (Mara Cepeda)
Mulher
Aqui estou
Sem vontade de estar
Daqui não vou
Não saio deste lugar
Sinto-me perdida
Ignorantemente indisposta
Cancelando a jornada
Nas minas de Jales
Exploro mesquitas
Procuro magias
Onde estará?
Num corpo de mulher.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Sem vontade de estar
Daqui não vou
Não saio deste lugar
Violência
consentida
A mim
própria impostaSinto-me perdida
Ignorantemente indisposta
Sigo sem rumo ou
estrada
Por montes e
valesCancelando a jornada
Nas minas de Jales
Minerando
pepitas
Sonhando
alegriasExploro mesquitas
Procuro magias
Magias não
há
Que a vida
não querOnde estará?
Num corpo de mulher.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Estrela errante
Um ponto no
horizonte
Que vejo a luzir
Pode ser estrela
No princípio de existir.
Que uma estrela errante
Nasça sem demora.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Que vejo a luzir
Pode ser estrela
No princípio de existir.
Mas nada me
garante
Neste
momento, agoraQue uma estrela errante
Nasça sem demora.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Odisseia
Numa giesta
florida
Branca ou amarela
Caminha perdida
A cor que não é dela
O amor que não dei
No tempo presente
Perco o horizonte
Buscando Ática
Bela e encantadora sereia
Que nunca serei
Maria Videira (Mara Cepeda)
Branca ou amarela
Caminha perdida
A cor que não é dela
Que não é
dela, sei
Sem saber
propriamenteO amor que não dei
No tempo presente
Na giesta do
monte
Selvagem e
erráticaPerco o horizonte
Buscando Ática
Chega ao fim
a odisseia
Que para mim
inventeiBela e encantadora sereia
Que nunca serei
Maria Videira (Mara Cepeda)
Esperei por ti
Esperei por
ti
Horas imensas
Buscando noites
Luas suspensas
As noites passaram
Em horas incertas
Dores cruzaram
Ilhas desertas
Imersa em mim,
Caminho para ti
Serenando desejos
Semeando ensejos
Vivendo tristezas
Dirimindo certezas
Acumulando horas
Fingindo demoras
Noites e dias
Almas vazias
Sonos e sonhos
Por vezes medonhos
Sem que nada aconteça...
Maria Videira (Mara Cepeda)
Horas imensas
Buscando noites
Luas suspensas
As noites passaram
Em horas incertas
Dores cruzaram
Ilhas desertas
Imersa em mim,
Caminho para ti
Serenando desejos
Semeando ensejos
Vivendo tristezas
Dirimindo certezas
Acumulando horas
Fingindo demoras
Noites e dias
Almas vazias
Sonos e sonhos
Por vezes medonhos
Sem que nada aconteça...
Maria Videira (Mara Cepeda)
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