segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Caminhada

Tudo deve ser
como sempre foi.
Linear.

Não importa que o dia
se transfigure em noite.
Lobisomens há muitos.

Vamos.
É dia e a caminhada
é longa e cansativa.

Pega na tua vontade
e veste-te.

Isto não é um deserto,
mas as almas
estão quase desertas.

Caminhemos de mãos dadas
em busca do que ainda não perdemos.
Tudo se transforma.

O tudo é nada.
E tudo começa assim.
Uma folha em branco
à espera.

Se não nos amássemos,
amar-nos-íamos à mesma
Sem lugar nem tempo.

Nasci para te amar
tu por mim nasceste
somos dois e um.

Sou luz quando falta o verbo.
Desejo-te na serenidade
que às vezes vivemos
e na tempestade
que sobre nós desaba,
furacão benigno e passageiro.

Deitemo-nos.
São horas de descansar
de mais uma caminhada.

Maria Videira (Mara Cepeda)

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