segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Importo-me

Olá como estás?
Tudo bem?

Seria esta a abordagem
para uma conversa maior.

Talvez fosse só uma simples
e pequena conversa.

Um passar o tempo
sem consequências.

Pelo contrário,
talvez se falasse
da insustentável
leveza do ser.

Ou da leveza
insustentável
que não é precisamente
a mesma coisa.

Estou cansada.

Talvez amanhã
eu possa flutuar
por muitos e bons assuntos.
Ser borboleta.

Mas hoje não.
Não é fácil,
quando a densidade do ser
é contabilizável.

Lá vem ele.
Dirige-se para a minha mesa.
Deve mudar de direcção
quase ao chegar.
Às vezes muda,
na maioria das vezes.

Mas quem se importa?
Hoje não.

Minto.
Importo-me.
Sempre.
Por mais abstracta que esteja.

Maria Videira (Mara Cepeda)

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