Vou construindo, sina minha,
O que não se pode construir.
Engenheira de sonhos,
Busco no monte medronhos
Nenhum sono posso admitir.
Construi caminhos para correr
Do constante e sereno remoer
As horas passam, os dias não.
No caminho dos sonhos foge a vida
Na lenta sucessão, hora perdida
Dos tempos que agora são.
Estendi a mão para o longe
Secreta caverna, eremita e monge
Acendi a lanterna que a luz não dura.
Prendi a fera que em mim perdura
Afaguei quimeras, jurei candura
Chorar chorei. Mágoa alheia e pura.
Maria Videira (Mara Cepeda)
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