domingo, 26 de janeiro de 2014

Dor

Dor.
Inconsciente dor.
Vegeta somente
Uma vida sem cor.

Na impossibilidade
De viver sem ideais
Não há vazios
De acabar,
De preencher.

No vácuo que existe
E é triste
Vivem o negro,
Duro viver
As toutinegras
Que não tentam ser.

Planta não é.
Pode mover-se
Fingindo marés
Em prisão contida
Sem riso nem vida.
Vegeta somente
A pedir guarida.

Sem voz,
Garganta
Enclausurada,
Rumoreja,
Não sabendo porquê
O que a alguém
Sobeja.

Descoberta a razão
As coisas acontecem
Porque sim, porque não
E olhar sem ver
É olhar para mim
E apenas olhar
O mesmo olhar assim.

Sem direitos seus,
Olhos vendados
Para evitar dispersão
É preciso ver sempre
Na mesma direcção.

Olhar prá frente
Para trás é que não!
Olhar para o lado
É perder o norte
É sonhar ilusão.

É intuir outras vidas
Aspirar vagos perfumes
De deusas iguais.
É ter nos teus braços
Sabores irreais.

É ser quem se é
E tentar até
Que a vida sorria
Aquilo que não é.


Maria Videira (Mara Cepeda)

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