Era
verão e eu era menina muito pequenina.
O sol aquecia inclemente a terra árida, seca, quase estéril.
A menina que fui, brincava, sentada no meio do caminho, fazendo montinhos de
pó.
Observava o que à sua volta se passava, serenamente... até que um sapo,
carregado de ovos, corria no meio do verde das hortas.
De um ápice, ágil como uma gazela, corria atrás do pobre sapo que deixava
metade dos ovos para trás.
Em simultâneo, um saltão cometia a imprudência de passar por ali. O sapo fugia
o saltão era agarrado e acabava sem as pernas de saltar depois de muito sofrer
às mãos da menina, como besta de carga das pequenas partículas de pó que ela
tinha juntado no meio do caminho.
A mãe chamava e... Ah! Já vamos embora? Eu não brinquei nada mãe!
E a menina pequenina pegava na mão estendida e seguia, sentindo desta vez um
calor diferente, mais cálido, mais terno.
Anda filha, vamos que já é tarde. Estou cansada mãe. A mulher pega na filha ao
colo e vai, quase descalça, leve como uma borboleta. A filha dorme.
O verão mudou muito desde então.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Sem comentários:
Enviar um comentário