Natália não guarda boas recordações da sua infância. Quase tudo foi doloroso. Não que não tivesse uma mãe presente. Tinha-a, meia sem jeito para fazer carinhos, mal preparada pela vida para desempenhar o papel, cumpria-o, no entanto, com desvelo e preocupação. Encarregava-se de suprir o sustento da filha e dos sobrinhos o melhor que podia e sabia.
Natália não passava muitas fomes. Não. No entanto, tendo sido bafejada por uma inteligência acima da média, apercebia-se das coisas mais facilmente e com maior intensidade do que a maioria das outras pessoas.
O que, aparentemente, seria um benefício, transformava-se-lhe, às vezes, num pesadelo. Tentava, de todas as maneiras, não entender o que se passava à sua volta, mas não conseguia.
Revoltava-se com a mãe, com os vizinhos, com os primos, com a pobreza extrema em que se vivia naquela sua miserável aldeia.
Ali nascera, zorra. Ali tivera de sentir todos os olhares velados e as conversas camufladas quando passava.
O pai, que ela detestava por não a ter perfilhado, todo se comprazia de dizer aos quatro ventos que ela era sua filha. Exibia-a como se de um troféu se tratasse.
Com as parcas posses da mãe, vestia em dias nomeados, um simples vestido de chita. Brilhava. Queria morrer quando ouvia o pai, estridentemente, gritar que fora ele que lho comprara. Nunca soube o que fosse receber algo do progenitor. Doía-lhe aquela presunção que muito a envergonhava.
Sabia que era bonita. A mais bonita da aldeia e de todas as outras em redor. Ninguém contestava a sua beleza tão fustigada pelos rigores dos invernos e pelo calor inclemente dos verões transmontanos. Nela, não se notavam.
A pele continua branca e pura, mesmo quando, afogueada dos muitos trabalhos do campo, regressava a casa, exausta. O corpo, perfeito e proporcional, fazia suspirar muitos corações. Os cabelos, negros como azeviche, brilhavam como se nele morasse uma constelação de estrelas. As mãos, sacrificadas, mantinham a pureza de uma dama nunca tisnada pelos sóis de março.
Quando ela passava, só ou em alegre chilreada, na companhia das outras raparigas da aldeia, com o cesto da roupa à cabeça, em direção ao rigueiro, o sol perdia o seu brilho e concentrava nela a sua intensidade.
Aquela sua aura de tristeza, tornava-a inatingível. Ninguém se atrevia a faltar-lhe ao respeito. Ninguém lhe dirigia uma palavra mais rude. Muitos rapazes morriam de amores por ela e ela morria de amor por um, apenas.
Por todas as razões, exigia de si, ser um exemplo para todos. Conseguia sê-lo e, embora as suas noites fossem tormentosas, repletas de pesadelos e desgostos, nunca se lhe notava. A todos sorria e ajudava. A todos encantava com a sua capacidade inata de encantar.
(Continua...)
Maria Videira (Mara Cepeda)
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
Se Paris fosse aqui
Se
Paris fosse aqui,
ao virar da esquina,
namorava contigo
num qualquer bulevar.
E o Sena, em suave remanso
espreitaria sem ocultar
o beijo em segredo
que eu te daria.
Na livre promessa do dia,
no azul da noite que ontem vi,
sorriria a lembrança
que mesmo agora,
contigo ao meu lado,
eu tenho de ti.
Maria Videira (Mara Cepeda)
ao virar da esquina,
namorava contigo
num qualquer bulevar.
E o Sena, em suave remanso
espreitaria sem ocultar
o beijo em segredo
que eu te daria.
Na livre promessa do dia,
no azul da noite que ontem vi,
sorriria a lembrança
que mesmo agora,
contigo ao meu lado,
eu tenho de ti.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Medo
Fadiga
de dor,
que a cor não reflecte
na angustia do branco
escrito de verde.
Secou as lágrimas
à manga do casaco
escondeu o vermelho
que raiava o olhar
e partiu para sim,
te encontrar.
Não sabes que a dor
para além de oprimir
impede o grito
que não podes ouvir.
E o teu sorriso torto
que eu mais adivinho
por entre aparatos
de lutas sem fim
grita a cor
deste negro festim.
Para ti amor.
Maria Videira (Mara Cepeda)
que a cor não reflecte
na angustia do branco
escrito de verde.
Secou as lágrimas
à manga do casaco
escondeu o vermelho
que raiava o olhar
e partiu para sim,
te encontrar.
Não sabes que a dor
para além de oprimir
impede o grito
que não podes ouvir.
E o teu sorriso torto
que eu mais adivinho
por entre aparatos
de lutas sem fim
grita a cor
deste negro festim.
Para ti amor.
A minha fantasia
Na
aragem de frescura
anoitece o Verão,
em horas que agora são.
O pejo do dia
mal se alumia
na hora não tardia
que finge noite.
Negra melodia
no resvalar
da asa do morcego
que circum-navega
a roçar o medo.
E no recomeço
ao raiar o dia
tenho o que mereço
pequena cotovia
do melhor Segredo
a minha fantasia.
Maria Videira (Mara Cepeda)
anoitece o Verão,
em horas que agora são.
O pejo do dia
mal se alumia
na hora não tardia
que finge noite.
Negra melodia
no resvalar
da asa do morcego
que circum-navega
a roçar o medo.
E no recomeço
ao raiar o dia
tenho o que mereço
pequena cotovia
do melhor Segredo
a minha fantasia.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Lamentos...
Os
tempos são outros,
e os mesmos.
Vão e vêm
E tudo se repete
entontece.
Tempos,
tempos,
tempos...
Horas,
dores,
lamentos...
Maria Videira (Mara Cepeda)
e os mesmos.
Vão e vêm
E tudo se repete
entontece.
Tempos,
tempos,
tempos...
Horas,
dores,
lamentos...
Maria Videira (Mara Cepeda)
Por um lugar no mundo
Todos os dias,
por um lugar no mundo,
acuradamente, luto.
Busco um lugar para os pés
que muitas vezes
parapenteiam.
E desespero,
angustiada,
num abismo sem fundo,
palmo a palmo,
unha a unha,
por um lugar no mundo.
Maria Videira (Mara Cepeda)
por um lugar no mundo,
acuradamente, luto.
Busco um lugar para os pés
que muitas vezes
parapenteiam.
E desespero,
angustiada,
num abismo sem fundo,
palmo a palmo,
unha a unha,
por um lugar no mundo.
Maria Videira (Mara Cepeda)
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
É ser quem se é
Dor inconsciente,
vegeta somente
uma vida sem cor.
Viver sem sonhos
preencher vazios
no vácuo que existe
é triste
Vive o negro,
duro viver
as toutinegras
que não tentam ser.
Movem-se
fingindo marés
em prisão contida
sem riso nem vida.
Vegeta somente
a pedir guarida.
Sem voz,
na garganta
enclausurada,
rumoreja,
não sabendo porque
As coisas acontecem
E olhar sem ver
é olhar para mim
e apenas olhar
o mesmo olhar assim.
Sem direitos seus,
de olhos vendados
para evitar dispersão
é preciso ver sempre
na mesma direcção.
Olhar para o lado,
perder o norte,
sonhar ilusão
pressentir outras vidas
aspirar vagos perfumes
de deusas iguais.
é ter nos teus braços
sabores irreais.
É ser quem se é
e tentar até
que a vida sorria
aquilo que não é.
Maria Videira (Mara Cepeda)
vegeta somente
uma vida sem cor.
Viver sem sonhos
preencher vazios
no vácuo que existe
é triste
Vive o negro,
duro viver
as toutinegras
que não tentam ser.
Movem-se
fingindo marés
em prisão contida
sem riso nem vida.
Vegeta somente
a pedir guarida.
Sem voz,
na garganta
enclausurada,
rumoreja,
não sabendo porque
As coisas acontecem
E olhar sem ver
é olhar para mim
e apenas olhar
o mesmo olhar assim.
Sem direitos seus,
de olhos vendados
para evitar dispersão
é preciso ver sempre
na mesma direcção.
Olhar para o lado,
perder o norte,
sonhar ilusão
pressentir outras vidas
aspirar vagos perfumes
de deusas iguais.
é ter nos teus braços
sabores irreais.
É ser quem se é
e tentar até
que a vida sorria
aquilo que não é.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Como se fosse o último dia...
A
rua ficou molhada
a janela ficou molhada
a porta ficou molhada
a minha alma também,
e triste
como um dia de chuva
Gente molhada
tremendo
gemendo
chorando
pedindo
morrendo...
como se fosse o último dia
E eu assistia,
dorida e calada,
à magia
da noite fechada
Maria Videira (Mara Cepeda)
a janela ficou molhada
a porta ficou molhada
a minha alma também,
e triste
como um dia de chuva
Gente molhada
tremendo
gemendo
chorando
pedindo
morrendo...
como se fosse o último dia
E eu assistia,
dorida e calada,
à magia
da noite fechada
Maria Videira (Mara Cepeda)
Coração mendigo
Chove,
ininterruptamente,
dentro de mim.
Coração perdido
chuva caindo,
gota a gota,
dentro dele.
Apertado,
encolhido,
como mendigo
em noite de frio.
Maria Videira (Mara Cepeda)
ininterruptamente,
dentro de mim.
Coração perdido
chuva caindo,
gota a gota,
dentro dele.
Apertado,
encolhido,
como mendigo
em noite de frio.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Quero verde
Quero verde,
campo aberto,
ninguém por perto
pra perturbar.
Quero sentir
o poder do vento
despenteando meus cabelos
e correr e dançar.
Quero tudo que é livre
quero tudo que vive
sem se prender
sem se arrastar.
Quero verde,
campo aberto,
e uma árvore
pra me abrigar.
Maria Videira (Mara Cepeda)
campo aberto,
ninguém por perto
pra perturbar.
Quero sentir
o poder do vento
despenteando meus cabelos
e correr e dançar.
Quero tudo que é livre
quero tudo que vive
sem se prender
sem se arrastar.
Quero verde,
campo aberto,
e uma árvore
pra me abrigar.
Maria Videira (Mara Cepeda)
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
Em perfeita harmonia
Hoje,
com a chuva caindo,
eu saí.
Entrei no carro
elá fomos nós.
Eu e o carro
o carro e eu!
A mulher e a máquina
em perfeita harmonia.
Mas, a chuva caía...
Maria Videira (Mara Cepeda)
com a chuva caindo,
eu saí.
Entrei no carro
elá fomos nós.
Eu e o carro
o carro e eu!
A mulher e a máquina
em perfeita harmonia.
Mas, a chuva caía...
Maria Videira (Mara Cepeda)
Sem destino
Sem
destino,
atravessam a praça
apinhada de pombos
que ninguém vê.
Pela indiferença
esvoaçam na noite,
pairando
acima de todas as cabeças.
Fingem vida.
Superam-na e seguem.
Mergulham
por falsas moedas
que a água multiplica
e engrandece.
Fontes serenas
chafarizes de vida,
horas desertas
areias escaldantes...
Maria Videira (Mara Cepeda)
atravessam a praça
apinhada de pombos
que ninguém vê.
Pela indiferença
esvoaçam na noite,
pairando
acima de todas as cabeças.
Fingem vida.
Superam-na e seguem.
Mergulham
por falsas moedas
que a água multiplica
e engrandece.
Fontes serenas
chafarizes de vida,
horas desertas
areias escaldantes...
Maria Videira (Mara Cepeda)
Prisioneira em cela sem porta
Pela
janela embaciada
o horizonte não existe.
Os sonhos também não.
Só uma densa e fria névoa
envolve as pessoas,
que andam curvadas
sob o peso do não ser.
As almas estão quadriculadas,
para a aritmética da vida,
algumas recordam-se
no meio das quadrículas
explodindo dígitos.
Um grito na cela,
de uma janela pequena e só.
E sem querer sente
pelo azul que pressente,
que fora dali, existe gente.
Maria Videira (Mara Cepeda)
o horizonte não existe.
Os sonhos também não.
Só uma densa e fria névoa
envolve as pessoas,
que andam curvadas
sob o peso do não ser.
As almas estão quadriculadas,
para a aritmética da vida,
algumas recordam-se
no meio das quadrículas
explodindo dígitos.
Um grito na cela,
de uma janela pequena e só.
E sem querer sente
pelo azul que pressente,
que fora dali, existe gente.
Maria Videira (Mara Cepeda)
O deserto é branco
O
deserto é branco
de pureza maculada.
Ser branco é não ter cor.
Não ter cor é bem triste.
Branco. Branco...
Quem te dera ser verde,
azul, violeta campestre.
Lugar onde de todas as cores.
E ganhar perdendo
nascer morrendo
todos os dias
como um novo sol.
Maria Videira (Mara Cepeda)
de pureza maculada.
Ser branco é não ter cor.
Não ter cor é bem triste.
Branco. Branco...
Quem te dera ser verde,
azul, violeta campestre.
Lugar onde de todas as cores.
E ganhar perdendo
nascer morrendo
todos os dias
como um novo sol.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Porta fechada
No
dia que nasce
Na orla do mar
Na ovelha que pasce
Leve lufada de ar.
No azul do céu
Na seara ondulante
Na negritude do véu
No andar coleante.
Sereia enganada
Olhar errante
Porta fechada
Maria Videira (Mara Cepeda)
Na orla do mar
Na ovelha que pasce
Leve lufada de ar.
No azul do céu
Na seara ondulante
Na negritude do véu
No andar coleante.
Sereia enganada
Olhar errante
Porta fechada
Maria Videira (Mara Cepeda)
domingo, 20 de janeiro de 2013
Nada sinto do que finjo
O
que sinto,
não pesa na balança
ou contrato comercial.
Devia ser, talvez,
diferente,
pisar firmemente
o chão
que ao de leve piso.
Faz vento.
Chove.
Tudo está vento
e chuva.
Tudo está molhado
e triste.
Nada sinto
do que finjo.
Maria Videira (Mara Cepeda)
não pesa na balança
ou contrato comercial.
Devia ser, talvez,
diferente,
pisar firmemente
o chão
que ao de leve piso.
Faz vento.
Chove.
Tudo está vento
e chuva.
Tudo está molhado
e triste.
Nada sinto
do que finjo.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Na minha vida
Na
minha vida
descolorida
existe uma árvore verde
que tem o caule liso e fino
impossível de escalar.
As folhas balançam.
São pequenas,
quase invisíveis,
de verde amarelecido,
como as esperanças mortas
dos pássaros de perna partida.
Os galhos dobram
sem gemidos.
Tudo segue o sem rumo
de caminhos tortos e vazios
que desaguam em becos.
O cinzento não tem árvores
nem vento...
Maria Videira (Mara Cepeda)
descolorida
existe uma árvore verde
que tem o caule liso e fino
impossível de escalar.
As folhas balançam.
São pequenas,
quase invisíveis,
de verde amarelecido,
como as esperanças mortas
dos pássaros de perna partida.
Os galhos dobram
sem gemidos.
Tudo segue o sem rumo
de caminhos tortos e vazios
que desaguam em becos.
O cinzento não tem árvores
nem vento...
Maria Videira (Mara Cepeda)
Afogados
No
ar da noite
que a gente sente
à tona da água
o ar da gente
a noite dos afogados
Sinto que se morre
aos poucos
lenta
mente
corporeamente
No ar
dos afogados
da noite
Maria Videira (Mara Cepeda)
que a gente sente
à tona da água
o ar da gente
a noite dos afogados
Sinto que se morre
aos poucos
lenta
mente
corporeamente
No ar
dos afogados
da noite
Maria Videira (Mara Cepeda)
O mundo parou
O
mundo parou
na árvore sem vento.
Que silêncio mortal!
Há morte na vida
quando pára o vento.
Toque de recolher...
Estado de sítio
da não gente.
Maria Videira (Mara Cepeda)
na árvore sem vento.
Que silêncio mortal!
Há morte na vida
quando pára o vento.
Toque de recolher...
Estado de sítio
da não gente.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Um colo de mãe
Na
alma
conturbada
da rua
fui atropelada
pela meia-lua.
Perdi a calma,
corei, morri,
pedi socorro
e me perdi
no turbilhão
de cabeças
sem dono,
sem força,
sem não.
Lua,
quero-te agora,
mesmo alquebrada,
escura,
sem sonhos,
nua e fria,
distante
vazia.
Não importa
como sejas
quero apenas
que sejas
e que tenhas
um colo de mãe
onde possa esconder-me.
Maria Videira (Mara Cepeda)
conturbada
da rua
fui atropelada
pela meia-lua.
Perdi a calma,
corei, morri,
pedi socorro
e me perdi
no turbilhão
de cabeças
sem dono,
sem força,
sem não.
Lua,
quero-te agora,
mesmo alquebrada,
escura,
sem sonhos,
nua e fria,
distante
vazia.
Não importa
como sejas
quero apenas
que sejas
e que tenhas
um colo de mãe
onde possa esconder-me.
Maria Videira (Mara Cepeda)
sábado, 19 de janeiro de 2013
Melancolia
Melancolia
dia que chora
manhã sem hora
tristeza d’ alma
que me oprime.
Chuva
pinga pingando
pingue, pingue,
na noite fria
que, transida,
tremia.
Maria Videira (Mara Cepeda)
dia que chora
manhã sem hora
tristeza d’ alma
que me oprime.
Chuva
pinga pingando
pingue, pingue,
na noite fria
que, transida,
tremia.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Emancipação
O mundo emancipa-se.
A tua alma tristemente alegre,
vai e vem como quem passa
e a praia estende-se pelo infinito
no teu não querer querendo.
A emancipação
transcorre sem contratempos
e o rio que corre vai sozinho.
Serei, porventura,
parte dele,
uma gota de orvalho
em manhã solarenga.
Maria Videira (Mara Cepeda)
A tua alma tristemente alegre,
vai e vem como quem passa
e a praia estende-se pelo infinito
no teu não querer querendo.
A emancipação
transcorre sem contratempos
e o rio que corre vai sozinho.
Serei, porventura,
parte dele,
uma gota de orvalho
em manhã solarenga.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Menina
De
esguelha,
na esquina
esgazeiam o olhar
que anseia,
menina,
por te ver passar.
Vive enclausurada
em altas torres
de imaginários cárceres
em hipotéticos
castelos medievais.
A ferrugem dilacera
a engrenagem moribunda
e austera
de quimeras feitas
singela espera.
A paz
lentamente
escurece.
Os ninhos
descem dos telhados,
paredes,
quase chão.
Maria Videira (Mara Cepeda)
na esquina
esgazeiam o olhar
que anseia,
menina,
por te ver passar.
Vive enclausurada
em altas torres
de imaginários cárceres
em hipotéticos
castelos medievais.
A ferrugem dilacera
a engrenagem moribunda
e austera
de quimeras feitas
singela espera.
A paz
lentamente
escurece.
Os ninhos
descem dos telhados,
paredes,
quase chão.
Maria Videira (Mara Cepeda)
A vida que sou
A
anormalidade
é real.
Não sonho
o que não posso prever
e tudo é noite escura
no caminho que partilho
não conhecendo
o perigo que corre
a vida que sou.
Maria Videira (Mara Cepeda)
é real.
Não sonho
o que não posso prever
e tudo é noite escura
no caminho que partilho
não conhecendo
o perigo que corre
a vida que sou.
Maria Videira (Mara Cepeda)
No limiar do medo
Com
melancolia,
No olhar revolto,
Ar de noite escura
No olhar sereno,
Corpo soerguido
No limiar do medo,
Sou o que sou.
Armo o laço
que não lanço
Sofro a vontade
insatisfeita
Do desejo contido
E não desfeito!
Maria Videira (Mara Cepeda)
No olhar revolto,
Ar de noite escura
No olhar sereno,
Corpo soerguido
No limiar do medo,
Sou o que sou.
Armo o laço
que não lanço
Sofro a vontade
insatisfeita
Do desejo contido
E não desfeito!
Maria Videira (Mara Cepeda)
Que será de mim?
Se
as coisas acontecem, porque sim,
Que será de mim?
Que
será de ti,
Se a manhã entristece?
Se o dia anoitece?
Se a aurora amanhece?
Se chove enfim?
Se não canta o bem-te-vi?
Se a noite dói?
Se grita e destrói?
Que
será de nós, porque não,
Se tudo acontece no meu coração?
Maria Videira (Mara Cepeda)
Que será de mim?
Se a manhã entristece?
Se o dia anoitece?
Se a aurora amanhece?
Se chove enfim?
Se não canta o bem-te-vi?
Se a noite dói?
Se grita e destrói?
Se tudo acontece no meu coração?
Maria Videira (Mara Cepeda)
Gostaria...
Gostaria que
o dia acabasse
com um sorriso.
Se um sorriso acabasse o dia,
a noite melhoraria.
O teu sorriso, sol intermitente,
ilumina a minha vida,
sorrindo, na lua que espreita,
o sol que se vai embora.
Acaba o dia, menina!
O dia que não demora!
Maria Videira (Mara Cepeda)
com um sorriso.
Se um sorriso acabasse o dia,
a noite melhoraria.
O teu sorriso, sol intermitente,
ilumina a minha vida,
sorrindo, na lua que espreita,
o sol que se vai embora.
Acaba o dia, menina!
O dia que não demora!
Maria Videira (Mara Cepeda)
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
O teu imenso olhar
O brilho intenso
do teu imenso olhar!
ensandece-me,
serenamente.
À espera de te ver,
com vontade de te abraçar
tudo o que vejo
é o brilho intenso
do teu imenso olhar,
encandescente.
Para além do tempo,
sonho o espaço,
outro planeta,
onde habitas e habito.
e novamente encontrar,
seria apenas,
estas pedras pequenas
que estou a pisar.
Maria Videira (Mara Cepeda)
do teu imenso olhar!
ensandece-me,
serenamente.
com vontade de te abraçar
tudo o que vejo
é o brilho intenso
do teu imenso olhar,
encandescente.
Para além do tempo,
sonho o espaço,
outro planeta,
onde habitas e habito.
Se não fosse esse brilho
aquilo que
me faz perder e novamente encontrar,
seria apenas,
estas pedras pequenas
que estou a pisar.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Teimosamente, não sabendo...
O dia, entidade física,
nublou,
entristeceu.
Cinzento, o céu
não anuncia neve.
Finjo que trabalho
escrevinhando nada,
dolorosamente.
Creio-me Bandeirante,
subindo a Serra do Mar,
teimosamente,
não sabendo
o que vou encontrar.
Maria Videira (Mara Cepeda)
nublou,
entristeceu.
Cinzento, o céu
não anuncia neve.
Finjo que trabalho
escrevinhando nada,
dolorosamente.
Creio-me Bandeirante,
subindo a Serra do Mar,
teimosamente,
não sabendo
o que vou encontrar.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Vai, sem pressas vãs...
Vai, sem pressas vãs,
como cordeiro
sem mácula.
Astro ardente, pungente
espera que raie o dia
na noite que agora faz.
lânguida,
como Maria.
Chora, destes momentos,
especial poesia.
Maria Videira (Mara Cepeda)
para a lua
que nasce
e pascecomo cordeiro
sem mácula.
Astro ardente, pungente
espera que raie o dia
na noite que agora faz.
Na noite-meia jaz,
a
melancolia morta,lânguida,
como Maria.
Chora, destes momentos,
especial poesia.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Enquanto, ventosamente, chovia
Enquanto, ventosamente, chovia
dispersa,
vaga,
via
o que não seria.
O que pensava dizer
emudeci,
calei.
Guardado ficou
o que não sou.
ansiando que o dia case,
e o voo rase
a minha ampla base
vazia.
no ar não sereno,
bruxas fingidas,
envoltas em ancestral senceno.
Maria Videira (Mara Cepeda)
dispersa,
vaga,
via
o que não seria.
O que pensava dizer
emudeci,
calei.
Guardado ficou
o que não sou.
Em
voo raso, estou
rasando o
puro espelho, ansiando que o dia case,
e o voo rase
a minha ampla base
vazia.
Mestria envolta em tristeza
como urze outonal
no ar não sereno,
revoluteando últimas folhas
teimosas e tardias.
Dia que
chove ou chora.
Destilam
venenobruxas fingidas,
envoltas em ancestral senceno.
Maria Videira (Mara Cepeda)
Tarte de natas com ananás (Já que estamos numa de ananás... aqui vai mais uma muito fácil)
INGREDIENTES:
1 lata de leite condensado magro
7 folhas de gelatina branca
2 pacotes de nata lithg
1 lata de ananás ás rodelas
1 lata de ananás ás rodelas
PREPARAÇÃO:
Primeiramente pus as folhas de gelatina de molho em abundante água fria. De seguida, coloquei um pouquinho de água numa chávena de chá a aquecer no microondas (na função alta para ficar bem quente)
Retirei os pacotes de nata lithg do frigorífico e, com a batedeira, bati logo de seguida, até a nata ficar firme, adicionei o leite condensando magro e fui batendo sempre.
Quando estava bem misturado, parei.
Fui buscar a água quente do microondas, deitei-a na lata de leite condensado vazia, espremi muito bem as folhas de gelatina e coloquei-as na água quente, mexendo com uma colher.
Ficou muito líquido, estava óptimo. Depois foi só adicionar ao creme das natas e leite condensado e bater com a batedeira mais um pouco até misturar bem.
Da lata de ananás retirei e guardei 5 rodelas inteiras para enfeitar o fundo da forma, as restantes rodelas cortei aos bocadinhos bem pequenos e sem bater, com uma colher misturei no creme.
Pronto. A tarte estava pronta a ir para a forma.
Usei uma forma baixa de fundo amovível. Tirei o fundo e forrei a forma toda com papel de alumínio(para evitar que derrame no frigorífico, pois o creme fica líquido) voltei a por o fundo por cima do papel de alumínio e foi só dispor as rodelas de ananás a meu gosto e por cima despejar o creme.
Levei ao frigorífico por umas 3h e estava pronto a servir.Não fica uma sobremesa muito doce, não fica muito cara e até é rápida de fazer.
Esta receita foi retirada do blogue "Os meus sonhos culinários"
Subscrever:
Mensagens (Atom)