vegeta somente
uma vida sem cor.
Viver sem sonhos
preencher vazios
no vácuo que existe
é triste
Vive o negro,
duro viver
as toutinegras
que não tentam ser.
Movem-se
fingindo marés
em prisão contida
sem riso nem vida.
Vegeta somente
a pedir guarida.
Sem voz,
na garganta
enclausurada,
rumoreja,
não sabendo porque
As coisas acontecem
E olhar sem ver
é olhar para mim
e apenas olhar
o mesmo olhar assim.
Sem direitos seus,
de olhos vendados
para evitar dispersão
é preciso ver sempre
na mesma direcção.
Olhar para o lado,
perder o norte,
sonhar ilusão
pressentir outras vidas
aspirar vagos perfumes
de deusas iguais.
é ter nos teus braços
sabores irreais.
É ser quem se é
e tentar até
que a vida sorria
aquilo que não é.
Maria Videira (Mara Cepeda)
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