sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Enquanto, ventosamente, chovia

Enquanto, ventosamente, chovia
dispersa,
vaga, 
via
o que não seria.

O que pensava dizer
emudeci,
calei.
Guardado ficou
o que não sou.

Em voo raso, estou
rasando o puro espelho,
ansiando que o dia case,
e o voo rase
a minha ampla base
vazia.
 
Mestria envolta em tristeza 
como urze outonal
no ar não sereno,
revoluteando últimas folhas
teimosas e tardias.

Dia que chove ou chora.
Destilam veneno
bruxas fingidas,
envoltas em ancestral senceno.

Maria Videira (Mara Cepeda)

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